Impactos da Tecnologia na Relação Médico-Paciente: o desafio entre melhorar os atendimentos sem perder a interação humana.
- Andreza Jacobsen

- 25 de nov. de 2024
- 5 min de leitura
A tecnologia tem transformado profundamente as práticas na área da saúde, alterando não apenas os métodos de diagnóstico e tratamento, mas também as interações entre médicos e pacientes. A implementação de inovações tecnológicas, como telemedicina, prontuários eletrônicos, inteligência artificial (IA), dispositivos de monitoramento remoto e plataformas de saúde digital, tem trazido benefícios consideráveis, mas também gerado desafios na relação médico-paciente. O uso dessas tecnologias pode melhorar a qualidade do atendimento, a precisão diagnóstica e a eficiência dos serviços, e também pode criar barreiras na comunicação interpessoal, afetando a confiança e a empatia, que são essenciais para a relação terapêutica.
A tecnologia na relação médico-paciente, destaca-se tanto os benefícios quanto os desafios resultantes dessa integração, e discute como a tecnologia pode ser melhor utilizada para preservar e aprimorar a conexão humana, essencial no contexto médico.
Uma das maiores contribuições da tecnologia à medicina é a facilidade no acesso ao atendimento. Nesse sentido, a telemedicina, permite consultas à distância por meio de vídeo ou plataformas de mensagens, é um exemplo claro de como a tecnologia pode superar barreiras geográficas, permitindo que pacientes em áreas remotas ou com dificuldades de locomoção recebam atendimento médico qualificado. Esse avanço tem sido particularmente importante durante a pandemia de COVID-19, quando o distanciamento social tornou necessário o uso de plataformas de consulta online.
Além disso, sistemas de prontuários eletrônicos permitem que médicos acessem rapidamente o histórico médico do paciente, promovendo diagnósticos mais rápidos e tratamentos mais eficazes. Isso reduz a necessidade de repetição de exames e consultas, economizando tempo tanto para médicos quanto para pacientes e aumentando a eficiência do atendimento.
Tecnologias avançadas, como a inteligência artificial (IA) e o big data, estão revolucionando o diagnóstico médico. A IA pode analisar grandes volumes de dados clínicos, imagens médicas e até mesmo históricos genéticos de forma mais precisa e rápida do que os métodos tradicionais, auxiliando os médicos a realizar diagnósticos mais assertivos. Com esse cruzamento de informações é possível a melhora do processo de tomada de decisão clínica, permitindo tratamentos mais personalizados e direcionados às necessidades específicas de cada paciente.
Além disso, dispositivos de monitoramento remoto, como wearables e aplicativos de saúde, permitem que médicos acompanhem a saúde dos pacientes em tempo real. Isso é especialmente útil para pacientes com doenças crônicas, como diabetes ou hipertensão, proporcionando um cuidado contínuo e individualizado, muitas vezes sem a necessidade de consultas presenciais frequentes.
A tecnologia tem desempenhado um papel importante no empoderamento do paciente, ao proporcionar-lhe mais controle sobre sua saúde. Plataformas de saúde digital e aplicativos de saúde permitem que os pacientes acompanhem sua condição de saúde, marquem consultas, visualizem seus exames e até recebam orientações de autocuidado. O acesso a essas informações facilita a tomada de decisões informadas, permitindo que os pacientes participem ativamente no processo de cuidado.
Com as relações mais colaborativas entre médicos e pacientes pela introdução da tecnologia, não se pode esquecer de mensurar que dessas relações também surgem aspectos negativos como a:
1. Redução da Interação Humana e Empatia
Embora a tecnologia ofereça avanços na eficiência e precisão do atendimento, ela também pode diminuir a interação humana, que é fundamental para a construção de uma relação de confiança entre médico e paciente. Consultas à distância, por exemplo, podem ser úteis para triagens rápidas, mas frequentemente carecem da empatia que caracteriza uma consulta presencial, onde o médico pode perceber sinais não-verbais do paciente, como expressões faciais e linguagem corporal, elementos cruciais para o diagnóstico e o vínculo emocional.
A falta de conexão humana em consultas virtuais pode fazer com que o paciente se sinta desvalorizado ou menos ouvido, o que pode afetar negativamente a adesão ao tratamento e a satisfação geral com o atendimento.
2. Desconfiança e Privacidade de Dados
A introdução de tecnologias digitais na saúde levanta sérias questões sobre a privacidade e a segurança dos dados dos pacientes. Com a digitalização de informações sensíveis, como histórico médico, resultados de exames e dados genéticos, aumenta o risco de vazamento de dados ou uso inadequado dessas informações por hackers ou terceiros não autorizados.
Além disso, pacientes mais velhos ou com menos familiaridade com as tecnologias podem sentir desconfiança em relação ao uso de plataformas digitais, principalmente em relação à segurança das informações pessoais. Essa falta de confiança pode dificultar a adoção de novas ferramentas tecnológicas, criando um obstáculo para a inovação.
3. Dependência Excessiva da Tecnologia
Embora a tecnologia tenha o potencial de melhorar a prática médica, há o risco de que médicos se tornem excessivamente dependentes dos sistemas automatizados de diagnóstico ou algoritmos baseados em IA, o que pode resultar em uma diminuição da autonomia profissional e da capacidade de tomada de decisão clínica baseada no julgamento médico.
Além disso, o uso de tecnologias avançadas pode criar uma certa despersonalização do atendimento, onde o médico passa a interagir mais com os dispositivos do que com os pacientes, comprometendo a humanização do cuidado. O cuidado médico, por sua natureza, não se resume apenas a protocolos e diagnósticos precisos, mas envolve uma abordagem holística que leva em consideração o contexto emocional e psicológico do paciente, algo que a tecnologia não consegue substituir totalmente.
Para que a tecnologia beneficie efetivamente a relação médico-paciente, é necessário encontrar um equilíbrio entre a eficiência tecnológica e a humanização do atendimento. Isso envolve usar a tecnologia como uma ferramenta que complementa, e não substitui, a interação pessoal. Médicos devem ser treinados para usar tecnologias de maneira eficiente, ao mesmo tempo em que mantêm a empatia e a atenção individualizada aos pacientes.
O futuro da medicina deve ser centrado na integração da tecnologia com uma prática médica empática, onde a comunicação humanizada e o relacionamento médico-paciente continuam sendo a base da assistência à saúde. A capacidade de usar a tecnologia de forma eficaz, sem perder de vista a essência do cuidado humano, será um dos maiores desafios e conquistas da medicina moderna.
Os impactos da tecnologia na relação médico-paciente são profundos e multifacetados. Por um lado, as inovações tecnológicas têm o potencial de melhorar a precisão diagnóstica, otimizar o atendimento e empoderar os pacientes, facilitando o acesso a cuidados de saúde mais rápidos e personalizados. Por outro lado, esses avanços também trazem desafios, como a redução da interação humana, a preocupação com a privacidade dos dados e a possível despersonalização do atendimento.
É essencial que médicos e pacientes encontrem um equilíbrio entre o uso de tecnologias inovadoras e a manutenção de uma relação de confiança, empatia e cuidado individualizado. Dessa forma, a tecnologia pode se tornar um aliado poderoso na medicina, melhorando a qualidade do atendimento e fortalecendo os laços entre médicos e pacientes.
Núcleo Científico Interno - (NCI)
Dra. Andreza da Silva Jacobsen
Dr. Edmundo Rafael Gaievski Junior.
REFERÊNCIAS
UNIVERSIDADE TIRADENTES. Medicina e tecnologia: o impacto da telemedicina. 2023. Disponível em: https://www.unit.br/blog/impacto-da-telemedicina-na-tecnologia. Acesso em: 25 nov. 2024.

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